Biografia de Bezerra de Menezes

Adolfo Bezerra de Menezes nasceu no Estado do Ceará, na então Freguesia do Riacho do Sangue (atual cidade de Jaguaretama) em 29 de agosto de 1831 , e se configurou como um missionário cuja tarefa seria a de preparar a sociedade brasileira para acolher a semente do Espiritismo.

No ano de 1851, impelido pelo secreto impulso de uma vocação que já lhe caracterizava a reta trajetória de múltiplas reencarnações dedicadas a serviço da caridade, embarcou para o Rio de Janeiro com a nobre inspiração de seguir a carreira médica.

Ingressou, em 1852, como praticante e interno no Hospital da Misericórdia, sendo que passou por diversas privações materiais, buscando recursos para viver e custear seus estudos ministrando aulas de Matemática e Filosofia.
Já em 1856, com a defesa da tese “Diagnóstico do Cancro”, conquistou o grau de Doutor em Medicina de modo que, no ano seguinte, passou a ser membro titular na Academia Imperial de Medicina. Em 1858 foi nomeado cirurgião-tenente do Corpo de Saúde do Exército e, passado algum tempo – embora no mesmo ano – casou-se com Maria Cândida de Lacerda.

Em 1861 candidatou-se a vereador e foi eleito para a Câmara Municipal do Rio de Janeiro; porém, sua eleição foi impugnada pelo Dr. Roberto Jorge Hadock Lobo, por ser médico militar. Bezerra renunciou, então, às funções no Corpo de Saúde do Exército e foi empossado como vereador, sendo reeleito em 1864.

Ainda no exercício do primeiro mandato, desencarna sua esposa que o deixa com dois filhos pequenos. O fato o abala física e moralmente, levando-o a um período de prostração. Todavia, como tudo tem uma razão de ser – e Bezerra de Menezes era um enviado do Senhor para semear a luz na escuridão moral do nosso País -, a viuvez o atrai mais fortemente para as reflexões de ordem espiritual.

Casou-se, em segundas núpcias, com Cândida Augusta de Lacerda Machado, irmã de sua primeira esposa, que lhe daria cinco filhos.
Assim foi eleito deputado geral em 1867.

Por volta de 1875, o Dr. Carlos Travassos havia empreendido a primeira tradução das obras de Allan Kardec e levara a bom termo a versão portuguesa de “O Livro dos Espíritos”. Logo que esse livro saiu do prelo levou um exemplar ao deputado Bezerra de Menezes, entregando-o com dedicatória. O episódio foi descrito do seguinte modo pelo futuro Médico dos Pobres: “Deu-mo na cidade e eu morava na Tijuca, a uma hora de viagem de bonde. Embarquei com o livro e, como não tinha distração para a longa viagem, disse comigo: ora, adeus! Não hei de ir para o inferno por ler isto… Depois, é ridículo confessar-me ignorante desta filosofia, quando tenho estudado todas as escolas filosóficas.

Pensando assim, abri o livro e prendi-me a ele, como acontecera com a Bíblia. Lia. Mas não encontrava nada que fosse novo para meu Espírito. Entretanto, tudo aquilo era novo para mim!… Eu já tinha lido ou ouvido tudo o que se achava no O Livro dos Espíritos. Preocupei-me seriamente com este fato maravilhoso e a mim mesmo dizia: parece que eu era espírita inconsciente, ou, mesmo como se diz vulgarmente, de nascença”.

Por ser um político honesto, levantaram-se contra ele campanhas difamatórias, quando, então, refletiu suficientemente e decidiu abandonar a vida pública e dedicar-se aos pobres, repartindo com os necessitados o pouco que possuía materialmente; porém, o muito que possuía – e possui – espiritualmente. Corria sempre ao casebre do pobre onde houvesse um mal a combater, levando ao aflito o conforto de sua palavra de bondade, o recurso da sua profissão de médico e o auxílio da sua bolsa minguada e generosa. Bezerra de Menezes tinha a função de médico no mais elevado conceito, por isso, dizia ele: “Um médico não tem o direito de terminar uma refeição, nem de perguntar se é longe ou perto, quando um aflito qualquer lhe bate à porta. O que não acode por estar com visitas, por ter trabalhado muito e achar-se fatigado, ou por ser alta hora da noite, mau o caminho ou o tempo, ficar longe ou no morro, o que sobretudo pede um carro a quem não tem com que pagar a receita, ou diz a quem lhe chora à porta que procure outro — esse não é médico, é negociante de medicina, que trabalha para recolher capital e juros dos gastos de formatura. Esse é um desgraçado, que manda para outro o anjo da caridade que lhe veio fazer uma visita e lhe trazia a única espórtula que podia saciar a sede de riqueza do seu Espírito, a única que jamais se perderá nos vaivéns da vida”. Posteriormente seria carinhosamente conhecido como “médico dos pobres”.
Dedicou-se a empreendimentos empresariais, criando a Companhia Estrada de Ferro Macaé-Campos. Foi um dos diretores da Companhia Arquitetônica que, em 1872, abriu o Boulevard 28 de Setembro, no bairro de Vila Isabel. Retornou à vida política sendo eleito vereador de 1876 a 1880 e, neste mesmo ano, presidente da Câmara e Deputado Geral .No dia 16 de agosto de 1886, um auditório de cerca de duas mil pessoas da melhor sociedade enchia a sala de honra da Guarda Velha, na rua da Guarda Velha, atual Avenida 13 de Maio, no Rio de Janeiro, para ouvir em silêncio, emocionado, atônito, a palavra sábia do eminente político, do eminente médico, do eminente cidadão, Dr. Bezerra de Menezes, que proclamava a sua decidida conversão ao Espiritismo. Bezerra era um religioso no mais elevado sentido.

Sua pena, por isso, desde o primeiro artigo assinado, em janeiro de 1887, foi posta a serviço do aspecto religioso do Espiritismo. Demonstrada a sua capacidade literária no terreno filosófico e religioso, quer pelas réplicas, quer pelos estudos doutrinários, a Comissão de Propaganda da União Espírita do Brasil, incumbiu-o de escrever, aos domingos, no “O Paiz” – tradicional órgão da imprensa brasileira – a série de “Estudos Filosóficos”, sob o título “O Espiritismo”. O Senador Quintino Bocaiúva, diretor daquele jornal de grande penetração e circulação, “o mais lido do Brasil”, tornou-se simpatizante da Doutrina Espírita.

Os artigos de Max, pseudônimo de Bezerra de Menezes, marcaram a época de ouro da propaganda espírita no Brasil. De novembro de 1886 a dezembro de 1893, escreveu ininterruptamente de modo veemente.
Da bibliografia de Bezerra de Menezes, antes e após a sua conversão do Espiritismo, constam os seguintes trabalhos: “A Escravidão no Brasil e as medidas que convém tomar para extingui-la sem dano para a Nação”, “Breves considerações sobre as secas do Norte”, “A Casa Assombrada”, “A Loucura sob Novo Prisma”, “A Doutrina Espírita como Filosofia Teogônica”, “Casamento e Mortalha”, “Pérola Negra”, “Lázaro — o Leproso”, “História de um Sonho”, “Evangelho do Futuro”. Escreveu ainda várias biografias de homens célebres, como o Visconde do Uruguai, o Visconde de Carvalas, etc. Foi um dos redatores de “A Reforma”, órgão liberal da Corte, e redator do jornal “Sentinela da Liberdade”.

Em 1883, reinava um ambiente francamente dispersivo no seio do Espiritismo brasileiro e os que dirigiam os núcleos espíritas do Rio de Janeiro sentiam a necessidade de uma união mais bem estruturada e que, por isso mesmo, se tornasse mais indestrutível. Os Centros, onde se ministrava a Doutrina, trabalhavam de forma autônoma. Cada um deles exercia a sua atividade em um determinado setor, sem conhecimento das atividades dos demais. Esse sentimento levou-os à fundação da Federação Espírita Brasileira.

Nessa época já existiam muitas sociedades espíritas, porém, as únicas que mantinham a hegemonia de mando eram quatro: a Acadêmica, a Fraternidade, a União Espírita do Brasil e a Federação Espírita Brasileira – esta fundada em 2 de janeiro de 1884. Entretanto, logo surgiram entre elas vivas discórdias.
Sob os auspícios de Bezerra de Menezes, e acatando prescrições das importantes “Instruções” recebidas do plano espiritual pelo médium Frederico Júnior, foi fundado o famoso “Centro Espírita”, o que, entretanto, não impediu que Bezerra desse a sua colaboração a todas as outras instituições. O entusiasmo dos espíritas logo se arrefeceu, e o velho seareiro se viu desamparado dos seus companheiros, chegando a ser o único freqüentador do Centro. A cisão era profunda entre os chamados “místicos” e “científicos”, ou seja, espíritas que aceitavam o Espiritismo em seu aspecto religioso, e os que o aceitavam simplesmente pelo lado científico e filosófico.

No ano de 1893, a convulsão provocada no Brasil pela Revolta da Armada, ocasionou o fechamento de todas as sociedades espíritas ou não. No Natal do mesmo ano Bezerra encerrou a série de “Estudos Filosóficos” que vinha publicando no “O Paiz”.

Em 1894, o ambiente mostrou tendências para melhora e o nome de Bezerra de Menezes foi lembrado como o único capaz de unificar o movimento espírita. O infatigável batalhador, com 63 anos de idade, assumiu a presidência da Federação Espírita Brasileira, eleito em 3 de agosto de 1895, imprimindo nova configuração nos trabalhos com base nos estudos evangélicos e doutrinários, propiciando, assim, serenidade e eficiência às atividades da Federação. Ocupou o cargo até a sua desencarnação, de modo que sua participação foi de importância incomensurável para a consolidação do Movimento Espírita no Brasil, o qual se firmou e traçou a diretriz do grande papel que o Espiritismo desempenharia no mundo.

Ocorrida a sua desencarnação em 11 de abril de 1900, verdadeira peregrinação demandou sua residência a fim de prestar-lhe a última visita.
Acerca de sua vida, diversas obras foram escritas, tais como “Vida e Obra de Bezerra de Menezes”, do paranaense Sylvio Brito Soares (1962, ed. Federação Espírita Brasileira); “Bezerra de Menezes, Médico dos Pobres”, de Francisco Aquarone (1975, ed. Aliança); “Bezerra de Menezes”, de Canuto Abreu (1959, ed. Federação Espírita do Estado de São Paulo), “Lindos Casos de Bezerra de Menezes”, de Ramiro Gama (1983, ed. Livraria Allan Kardec Editora), todos repetidamente reeditados.

Com relação às obras de sua autoria como desencarnado, destacam-se “Dramas da Obsessão”, (romance psicografado por Yvonne Pereira (1964, ed. FEB); “Nas Telas do Infinito” (psicografado também por Yvonne Pereira, 1955, ed. FEB); “A Tragédia de Santa Maria” (ainda pela médium Yvonne Pereira (1957, ed. FEB); “Recordações da Mediunidade” (relatos e orientações, 1968, ed. FEB); “Bezerra, Chico e Você” (coletânea de mensagens, psicografado por Francisco Cândido Xavier, 1973, ed. GEEM); “Apelos Cristãos” (coletânea de mensagens, novamente por Francisco Cândido Xavier, 1986, ed. UEM); “Compromissos Iluminativos” (coletânea de mensagens, psicografado por Divaldo Pereira Franco, 1991, ed. LEAL); “Garimpos do Além” (coletânea de mensagens, via Maria Cecília Paiva, ed. Instituto Maria); e “Fluidos de Luz: Ensinamentos de Bezerra de Menezes” e “Fluidos de Paz: Ensinamentos de Bezerra de Menezes” (ambos psicografados por Francisco de Assis Periotto, respectivamente em 2001 e 2002).

Grandes Amigos

 

 

Há pessoas que passam por este mundo de maneira única, de tal modo que esta vivenda jamais volta ao estado anterior.

Porque esse retorno seria um retrocesso, verdadeiro desperdício do impulso alavancador que os espíritos elevados estabelecem com sua estada.

São invariavelmente humildes, mas, ainda assim, e também por isso, exercem influência marcante e benéfica sobre o seu tempo terreno, restando indelével a sua lembrança exemplar muito após a sua partida.

A maioria ignora a própria condição de criatura à frente de sua época, considerando-se um ser humano indiferenciado, detentor de virtudes e defeitos como tantos outros.

Aceitam resignada e alegremente a estrada extensa que se lhes descortina para ser percorrida, esforçando-se, em plenitude inconsciente, no cumprimento de sua missão.

Deparam-se geralmente com precária condição material, incluindo o envoltório carnal, porém jamais vislumbram motivo para lamentação, revolta ou desânimo.

Superam a aparente fragilidade, revelando-se titãs na luta incruenta pelo progresso físico e moral de si mesmos e de seus contemporâneos.

Onde todos vêem a dificuldade atemorizante, qual montanha a ensejar a desistência acomodada, esses anjos encarnados bendizem a oportunidade de se mostrarem dignos dos imensos e insondáveis recursos que a Providência sempre prodigaliza.

Protagonizam, assim, episódios edificantes de fé, esperança, demonstram confiança no amparo divino, em sua própria capacidade e mesmo nos companheiros de convivência.

Constituem insignificante parcela dos espíritos que demandam esta escola quase sempre inglória, mas representam a concretização da generosidade do Pai Maior, que sempre despacha os seus emissários radiantes às paragens onde as trevas parecem prontas a acabrunhar todos que delas se aproximem.

São, de fato, faróis sublimes e pertinazes, que mostram aos habitantes da Terra que nunca estiveram, e jamais estarão, esquecidos e desamparados do Alto, por mais que perseverem no distanciamento da lei divina, simples e infalível, da caridade e da fraternidade.

Porque a luz é mais valiosa onde a nuvem obscurece o céu.

Muitos desses arautos da consolação superior atravessam a existência terrena despercebidos do restante da humanidade, sem que a ausência de reconhecimento consiga arrefecer a sua prática denodada e incondicional do bem em todas as direções.

Outros poucos recebem a gratidão de alguns que lhes conheceram o trabalho amoroso, uma recompensa justa conquanto insuficiente.

Por isso, os espíritos amigos alegram-se ao presenciar essas ocasiões em que o comportamento cristão de um viajante pela plaga terrena é recordado com tanta felicidade e correção.

Como o bom médico ora lembrado, esses emissários devem ter a sua obra cultuada como exemplo a ser seguido por todos os que não receiem a dedicação destemida ao comando da Lei Maior.

Que saibamos sempre agradecer a dádiva procurando reproduzi-la.

Psicografia recebida pelo médium Sérgio Rossi, em 29/08/2002

O problema da insatisfação

 

Autor: Vianna de Carvalho

A insatisfação, que medra, assustadora, numa avalanche crescente. em todos os arraiais da Sociedade terrena, procede, de certo modo, da programática educacional das criaturas que, desde cedo, recebem orientação e adestramento em moldes eminentemente imediatistas, como se a vida devesse abraçar. apenas, o estreito limite entre o berço e o túmulo…

Centralizando todas as aspirações no trâmite carnal, o triunfo, conforme os padrões hedonistas, tem como finalidade à aquisição de valores para o gozo, o destaque na comunidade, a tranqüilidade que decorra de um estômago saciado, um sexo atendido e as vaidades estimuladas…

No entanto, mesmo quando tal ocorrência vem de ser lograda, acompanhada de emoções estésicas, eis que o sonhador da roupagem carnal se depara com outro tipo de necessidade que deflui do espírito, no seu processo de reeducação pelo impositivo reencarnacionista.

O homem não são, exclusivamente, as suas necessidades orgânicas e emocionais que se enquadram na argamassa fisiopsicológica.

O berço e o túmulo representam, no processo da evolução, meios de que se utiliza a Sabedoria Divina para que o ser indestrutível entre e saia do corpo, adquirindo experiências. fixando aprendizagem, modelando caracteres, crescendo na fraternidade e santificando o amor, que arranca das expressões do instinto de posse para a sublimação através da renúncia e do sacrifício…

Concebendo a vida como um jogo fugaz de sensações, em que o homem dotado de recursos amoedados mais é feliz porque mais consegue, coloca todas as ambições no estreito condicionamento da posse material, que amargura, quando escassa e frustra. quando farta.

De forma alguma os valores da rápida aquisição conseguem produzir no homem a verdadeira harmonia, tendo-se em vista que, impelido pelo próprio instinto de preservação da espécie, se não vigia, mais ambiciona, quanto mais detém.

A posse, no entanto, de forma alguma faculta equilíbrio emocional. Quando é abundante, produz o receio da perda, estimulando a existência dos fantasmas do medo de perder a posição e os recursos que lhe significam a vida… E, quando é exígua, favorece a escravidão ao que se gostaria de possuir, como fuga psicológica às inquietações quase sempre injustificáveis.

O homem deve arrimar-se nos valores éticos, que ele próprio constrói a pouco e pouco em si e à sua volta, compensando-se no ideal altruísta, com que desata as emoções superiores que lhe jazem em gérmen, crescendo moralmente e superando as injunções do cárcere físico, mediante cuja ascensão consegue a lucidez que lhe dá a perfeita visão da vida e lhe dilata os horizontes em torno do que lhe convém e do que deve fazer.

Situando as metas da existência além dos prazeres transitórios e frustrantes, irmanado à fé libertadora, com que se arma de resistências para a dor, para o mal, para os distúrbios de qualquer natureza, logra superar-se e planar além de quaisquer vicissitudes negativas, através de cujo comportamento fruirá a real felicidade.

Não cobiçando mais do que lhe é lícito reter; não se afadigando em demasia pelas aquisições transitórias; não se antecipando sofrimentos advindos do receio do futuro; não vivendo exclusivamente para o corpo, os insucessos aparentes são convertidos em lições que amadurecem para os próximos empreendimentos, fixando o bem em si mesmo, com que se ala nos rumos do Bem Incessante após a vilegiatura orgânica, libertando-se das vestes físicas com a alegria do escafandrista que retorna à tona, concluída a tarefa feliz no seio das águas profundas…

A insatisfação que a tantos amargura, enferma e conduz a distonias de largo porte, pode e deve ser combatida através de uma pauta salutar de objetivos e de diretrizes evangélicas, conforme Allan Kardec extraiu dos conceitos morais das insuperáveis lições do Cristo, fazendo do Espiritismo o mais completo compêndio de otimismo e de sabedoria conhecido nos tempos hodiernos.

Reflexionando em torno dos valores reais, como dos aparentes, o homem de bem, inteligente, que sente necessidade de mais profundas e nobres aspirações para ser feliz, mergulha a mente e o sofrimento no exercício do amor, em seu sentido mais elevado, defrontando a grandeza da vida e realizandose por fim em paz.

Vianna de Carvalho (espírito) / psicografia de Divaldo Franco

Crianças Índigo e Cristal

 

 

Entrevista de Divaldo Pereira Franco ao Programa Televisivo O Espiritismo Responde, da União Regional Espírita – 7ª Região, Maringá, em 21.03.2007.

Espiritismo Responde – Um de seus mais recentes livros publicados tem por título “A Nova Geração: A visão Espírita sobre as crianças índigo e cristal”. Quem são as crianças índigo e cristal? 

Divaldo – Desde os anos 70, aproximadamente, psicólogos, psicoterapeutas e pedagogos começaram a notar a presença de uma geração estranha, muito peculiar.

Tratava-se de crianças rebeldes, hiperativas que foram imediatamente catalogadas como crianças patologicamente necessitadas de apoio médico. Mais tarde, com as observações de outros psicólogos chegou-se à conclusão de que se trata de uma nova geração. Uma geração espiritual e especial, para este momento de grande transição de mundo de provas e de expiações que irá alcançar o nível de mundo de regeneração.

As crianças índigo são assim chamadas porque possuem uma aura na tonalidade azul, aquela tonalidade índigo dos blue jeans (Dra. Nancy Ann Tape).

O índigo é uma planta da Índia (indigofera tinctoria), da qual se extrai essa coloração que se aplicava em calças e hoje nas roupas em geral. Essas crianças índigo sempre apresentam um comportamento sui generis.

Desde cedo demonstram estar conscientes de que pertencem a uma geração especial. São crianças portadoras de alto nível de inteligência, e que, posteriormente, foram classificadas em quatro grupos: artistas, humanistas, conceituais e interdimensionais ou transdimensionais.

As crianças cristal são aquelas que apresentam uma aura alvinitente, razão pela qual passaram a ser denominadas dessa maneira.

A partir dos anos 80, ei-las reencarnando-se em massa, o que tem exigido uma necessária mudança de padrões metodológicos na pedagogia, uma nova psicoterapia a fim de serem atendidas, desde que serão as continuadoras do desenvolvimento intelecto-moral da Humanidade. 

ER – Essas crianças não poderiam ser confundidas com as portadoras de transtornos da personalidade, de comportamento, distúrbios da atenção? Como identificá-las com segurança? 

Divaldo – Essa é uma grande dificuldade que os psicólogos têm experimentado, porque normalmente existem as crianças que são portadoras de transtornos da personalidade (DDA) e aquelas que, além dos transtornos da aprendizagem, são também hiperativas (DTAH), mas os estudiosos classificaram em 10 itens as características de uma criança índigo, assim como de uma criança cristal.

A criança índigo tem absoluta consciência daquilo que está fazendo, é rebelde por temperamento, não fica em fila, não é capaz de permanecer sentada durante um determinado período, não teme ameaças…

Não é possível com essas crianças fazermos certos tipos de chantagem. É necessário dialogar, falar com naturalidade, conviver e amá-las.

Para tanto, os especialistas elegem como métodos educacionais algumas das propostas da doutora Maria Montessori, que criou, em Roma, no ano de 1907, a sua célebre Casa dei Bambini, assim como as notáveis contribuições pedagógicas do Dr. Rudolf Steiner. Steiner é o criador da antroposofia. Ele apresentou, em Stuttgart, na Alemanha, os seus métodos pedagógicos, a partir de 1919, que foram chamados Waldorf.

A partir daquela época, os métodos Waldorf começaram a ser aplicados em diversos países. Em que consistem? Amor à criança. A criança não é um adulto em miniatura. É um ser que está sendo formado, que merece o nosso melhor carinho. A criança não é objeto de exibição, e deve ser tratada como criança. Sem pieguismo, mas também sem exigências acima do seu nível intelectual.

Então, essas crianças esperam encontrar uma visão diferenciada, porque, ao serem matriculadas em escolas convencionais, tornam-se quase insuportáveis. São tidas como DDA ou DTAH. São as crianças com déficit de atenção e hiperativas. Nesse caso, os médicos vêm recomendando, principalmente nos Estados Unidos e na Europa, a Ritalina, uma droga profundamente perturbadora. É chamada a droga da obediência.

A criança fica acessível, sim, mas ela perde a espontaneidade. O seu cérebro carregado da substância química, quando essa criança atinge a adolescência, certamente irá ter necessidade de outro tipo de droga, derrapando na drogadição.

Daí é necessário muito cuidado.

Os pais, em casa (como normalmente os pais quase nunca estão em casa e suas crianças são cuidadas por pessoas remuneradas que lhes dão informações, nem sempre corretas) deverão observar a conduta dos filhos, evitar punições quando errem, ao mesmo tempo colocando limites. Qualquer tipo de agressividade torna-as rebeldes, o que pode levar algumas a se tornar criminosos seriais. Os estudos generalizados demonstram que algumas delas têm pendores artísticos especiais, enquanto outras são portadoras de grandes sentimentos humanistas, outras mais são emocionais e outras ainda são portadoras de natureza transcendental.

Aquelas transcendentais, provavelmente serão os grandes e nobres governantes da Humanidade no futuro.

As artísticas vêm trazer uma visão diferenciada a respeito do Mundo, da arte, da beleza. Qualquer tipo de punição provoca-lhes ressentimento, amargura que podem levar à violência, à perversidade. 

ER – Você se referiu às características mentais, emocionais dessas crianças. Elas têm alguma característica física própria? Você tem informação se o DNA delas é diferente? 

Divaldo – Ainda não se tem, que eu saiba, uma especificação sobre ela, no que diz respeito ao DNA, mas acredita-se que, através de gerações sucessivas, haverá uma mudança profunda nos genes, a fim de poderem ampliar o neocórtex, oferecendo-lhe mais amplas e mais complexas faculdades. Tratando-se de Espíritos de uma outra dimensão, é como se ficassem enjauladas na nossa aparelhagem cerebral, não encontrando correspondentes próprios para expressar-se. Através das gerações sucessivas, o perispírito irá modelar-lhes o cérebro, tornando-o ainda mais privilegiado.

Como o nosso cérebro de hoje é um edifício de três andares, desde a parte réptil, à mamífera e ao neocórtex que é a área superior, as emoções dessas crianças irão criar uma parte mais nobre, acredito, para propiciar-lhes a capacidade de comunicar-se psiquicamente, vivenciando a intuição.

Características físicas existem, sim, algumas. Os estudiosos especializados na área, dizem que as crianças cristal têm os olhos maiores, possuem a capacidade para observar o mundo com profundidade, dirigindo-se às pessoas com certa altivez e até com certo atrevimento… Têm dificuldade em falar com rapidez, demorando-se para consegui-lo a partir dos 3 ou dos 4 anos. Entendemos a ocorrência, considerando-se que, vindo de uma dimensão em que a verbalização é diferente, primeiro têm que ouvir muito para criar o vocabulário e poderem comunicar-se conosco. Então, são essas observações iniciais que estão sendo debatidas pelos pedagogos. 

ER – Com que objetivo estão reencarnando na Terra? 

Divaldo – Allan Kardec, com a sabedoria que lhe era peculiar, no último capítulo do livro A Gênese, refere-se à nova geração que viria de uma outra dimensão. Da mesma forma que no tempo do Pithecanthropus erectus vieram os denominados Exilados de Capela ou de onde quer que seja, porque há muita resistência de alguns estudiosos a respeito dessa tese, a verdade é que vieram muitos Espíritos de uma outra dimensão. Foram eles que produziram a grande transição, denominada por Darwin como o Elo Perdido, porque aqueles Espíritos que vieram de uma dimensão superior traziam o perispírito já formado e plasmaram, nas gerações imediatas, o nosso biótipo, o corpo, conforme o conhecemos.

Logo depois, cumprida a tarefa na Terra, retornaram aos seus lares, como diz a Bíblia, ao referir-se ao anjo que se rebelara contra Deus – Lúcifer.

Na atualidade, esses lucíferes voltaram. Somente que, neste outro grande momento, estão vindo de Alcione, uma estrela de 3ª. grandeza do grupo das plêiades, constituídas por sete estrelas, conhecidas pelos gregos, pelos chineses antigos e que fazem parte da Constelação de Touro.

Esses Espíritos vêm agora em uma missão muito diferente dos capelinos.

É claro que nem todos serão bons. Todos os índigos apresentarão altos níveis intelectuais, mas os cristais serão, ao mesmo tempo, intelectualizados e moralmente elevados. 

ER – Já que eles estão chegando há cerca de 20, 30 anos, nós temos aí uma juventude que já está fazendo diferença no Mundo? 

Divaldo – Acredito que sim. Podemos observar, por exemplo, e a imprensa está mostrando, nesse momento, gênios precoces, como o jovem americano Jay Greenberg considerado como o novo Mozart. Ele começou a compor aos quatro anos de idade. Aos seis anos, compôs a sua sinfonia. Já compôs cinco. Recentemente, foi acompanhar a gravação de uma das suas sinfonias pela Orquestra Sinfônica de Londres para observar se não adulteravam qualquer coisa.

O que é fascinante neste jovem, é que ele não compõe apenas a partitura central, mas todos os instrumentos, e quando lhe perguntam como é possível, ele responde: “Eu não faço nenhum esforço, está tudo na minha mente”.

Durante as aulas de matemática, ele compõe música. A matemática não lhe interessa e nem uma outra doutrina qualquer. É mais curioso ainda, quando afirma que o seu cérebro possui três canais de músicas diferentes. Ele ouve simultaneamente todas, sem nenhuma perturbação. Concluo que não é da nossa geração, mas que veio de outra dimensão.

Não somente ele, mas muitos outros, que têm chamado a atenção dos estudiosos. No México, um menino de seis anos dá aulas a professores de Medicina e assim por diante… Fora aqueles que estão perdidos no anonimato. 

ER – O que você diria aos pais que se encontram diante de filhos que apresentam essas características? 

Divaldo – Os técnicos dizem que é uma grande honra tê-los e um grande desafio, porque são crianças difíceis no tratamento diário. São afetuosas, mas tecnicamente rebeldes. Serão conquistadas pela ternura. São crianças um pouco destrutivas, mas não por perversidade, e sim por curiosidade.

Como vêm de uma dimensão onde os objetos não são familiares, quando vêem alguma coisa diferente, algum objeto, arrebentam-no para poder olhar-lhes a estrutura.

São crianças que devemos educar apelando para a lógica, o bom tom.

A criança deve ser orientada, esclarecida, repetidas vezes.

Voltarmos aos dias da educação doméstica, quando nossas mães nos colocavam no colo, falavam conosco, ensinavam-nos a orar, orientavam-nos nas boas maneiras, nas técnicas de uma vida saudável, nos falavam de ternura e nos tornavam o coração muito doce, são os métodos para tratar as modernas crianças, todas elas, índigo, cristal ou não. 

Ermance Dufaux


Ermance De La Jonchére Dufaux nasceu em 1841, na cidade de Fontainebleau, França. Próxima a Paris, abrigava a residência oficial de Napoleão III e de outros nobres. O pai de Ermance, rico produtor de vinho e trigo, era um deles. Tradicional, a família Dufaux residia num castelo medieval, herança de seus antepassados.

Em 1853, a filha dos Dufaux começou a apresentar inquietante desequilíbrio nervoso e a fazer premonições. Por causa desse problema, seu pai procurou o célebre médico Cléver De Maldigny.

Pelo relato do Sr. Dufaux, o médico disse que Ermance parecia estar sofrendo de um novo distúrbio nervoso, que havia feito diversas vítimas na América e que, agora, estava chegando à Europa. As vítimas da doença entravam numa espécie de transe histérico e começavam a receber hipotéticas mensagens do Além.

O médico aconselhou o Sr. Dufaux a trazer Ermance a seu consultório, o mais rápido possível. Assim foi feito. Alguns dias depois, a mocinha comparecia à consulta.

Maldigny colocou um lápis na mão da menina e pediu que ela escrevesse o que lhe fosse impulsionado. Ermance começou a rir, gracejando, mas, de súbito, seu braço tomou vida própria e começou a escrever sozinho. Ao ver-se dominada por uma força estranha, Ermance assustou-se, largou o lápis e não quis continuar a experiência.

Maldigny examinou o papel e confirmou seu diagnóstico. Os pais de Ermance ficaram extremamente preocupados. Como a família era famosa na corte, a notícia logo se espalhou em Paris e Fontainebleau, chegando aos ouvidos do Marquês de Mirvile, famoso estudioso do Magnetismo.

O Marquês visitou o castelo dos Dufaux e pediu para examinar Ermance. Os pais aquiesceram, mas a mocinha teve que ser convencida. Por fim, Ermance colocou-se em posição de escrever e Mirvile perguntou ao invisível:
– Está presente o Espírito em que penso? Em caso positivo, queira escrever seu nome por intermédio da garota.
A mão de Ermance começou a se mover e escreveu:
– Não, mas um de seus parentes remotos.
– Pode escrever seu nome?
– Prefiro que meu nome venha diretamente à sua cabeça. Pense um instante.
– São Luís, rei de França (1), primo do primeiro nobre de minha família?
– Sim, eu mesmo.
– Vossa Majestade pode dar-me um prova de que é realmente o nosso grande rei?
– Ninguém nesta casa sabe que você e seus parentes me consideram o Anjo da Guarda da família.

Se Maligny via o caso de Ermance como doença, o Marquês também tinha suas explicações preconcebidas. Na sua opinião, ela apenas captava as idéias e pensamentos presentes no ambiente. Isso na melhor das hipóteses. Na pior, a jovem estava sendo intérprete do Diabo, pois, como católico, ele não acreditava que os mortos pudessem se comunicar. Uma análise conclusiva deveria ser feita pela Academia de Ciências de Paris.

O Sr. Dufaux, no entanto, não levou o caso adiante. Embora também fosse católico, ele preferiu acreditar que sua filha não era doente ou possessa, mas apenas uma intermediária entre os vivos e os mortos. A família foi se acostumando com o fato e a faculdade de Ermance passou a ser vista como uma coisa natural e positiva.

Os contatos com São Luís passaram a ser frequentes. Sob seu influxo, ela escreveu a autobiografia póstuma do rei canonizado, intitulada “A história de Luís IX, ditada por ele mesmo”. Em 1854, esse texto foi publicado em livro, mas a Censura do Governo de Napoleão III proibiu a sua distribuição. Os censores acharam que algumas passagens podiam ser entendidas como críticas ao Imperador e à Igreja.

O posicionamento favorável dos Dufaux ao neo-espiritualismo (spiritualisme) gerou retaliações. Numa confissão, Ermance recusou-se a negar sua crença nos Espíritos, atribuindo suas mensagens a Satanás, e foi proibida de comungar. A Imperatriz também esfriou seu relacionamento com a família. No entanto, o Imperador Napoleão III ficou curioso e pediu para conhecer a Srta. Dufaux.

Ela foi recepcionada no Palácio de Fontainebleau e recebeu uma mensagem de Napoleão Bonaparte para o sobrinho. A mensagem respondia a uma pergunta mental de Luís Napoleão e seu estilo correspondia exatamente ao de Bonaparte.

Com o tempo, os Espíritos também começaram a falar por Ermance. Em 1855, com 14 anos, Ermance publica seu segundo livro “spiritualiste” (na época, não existiam os termos espírita, mediunidade, etc). O primeiro a ser distribuído e vendido: “A história de Joana D’Arc, ditada por ela mesma” (Editora Meluu, Paris).

Segundo Canuto Abreu, a família Dufaux conheceu Allan Kardec na noite do dia 18 de abril de 1857. O Codificador teria dado uma pequena recepção em seu apartamento e os Dufaux foram levados por Madame Planemaison, grande amiga do professor lionês.

No final da reunião, Ermance recebeu uma belíssima mensagem de São Luís, que, a partir dali, tornaria-se uma espécie de supervisor espiritual dos trabalhos do Mestre. Segundo o ex-rei, Ermance, assim como Kardec, era uma druidesa reencarnada. Os laços entre os dois se estreitaram e ela se tornou a principal médium das reuniões domésticas do Prof. Rivail.

No final de 1857, Kardec teve a idéia de publicar um periódico espírita e quis ouvir a opinião dos guias espirituais. Ermance foi a médium escolhida e, através dela, um Espírito deu várias e ótimas orientações ao Mestre de Lion. O órgão ganhou o nome de “Revista Espírita” e foi lançado em Janeiro do ano seguinte.

Como o apartamento de Allan Kardec ficou pequeno para o grande número de frequentadores da sua reunião, alguns dos participantes decidiram alugar um local maior.

Para isso, porém, precisavam de uma autorização legal. O Sr. Dufaux encarregou-se de obter o aval das autoridades, conseguindo em quinze dias o que, normalmente, levaria três meses. Conquistada a liberação, o Codificador e seus discípulos fundaram a Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas, em Abril de 1858. Ermance foi uma das sócias fundadoras.

Durante o ano de 1858, Ermance recebeu mais duas autobiografias mediúnicas. Desta vez, os autores foram os reis franceses Luís XI e Carlos VIII. O Codificador elogiou o trabalho da Srta. Dufaux (2) e transcreveu trechos das “Confissões de Luís XI” na Revista Espírita(3). Nesse mesmo ano, Kardec divulgou três mensagens psicografadas pela jovem sensitiva (4). Não temos notícia sobre a possível publicação das memórias de Carlos VIII.

Canuto Abreu revelou que Rivail a utilizou como médium na revisão da 2ª edição de O Livro dos Espíritos.
Em 1859, Ermance não é mais citada como membro da SPEE nas páginas do mensário kardeciano. Isso leva-nos a crer que ela teria saído da Sociedade. Outro indício dessa suposição é que São Luís passou a se comunicar através de outros sensitivos (Sr. Rose, Sr. Collin, Sra. Costel e Srta. Huet). Não há, igualmente, registros da continuidade do seu trabalho em outros grupos.

O que teria acontecido com Ermance? Teria casado e deixado a militância, como Ruth Japhet e as meninas Baudin? Teria se desentendido com Kardec? Teria mudado da França? Teria desanimado com o Espiritismo? São perguntas que só ela poderia responder. Seja como for, o Codificador continuou a divulgar seu trabalho. Em 1860, ele noticiou a reedição de “A história de Joana D’Arc ditada por ela mesma”, pela Livraria Lendoyen de Paris.

Em 1861, enviou vários exemplares desse livro, junto com suas obras, para o editor francês Maurice Lachâtre, que se encontrava exilado em Barcelona, Espanha. O objetivo era a divulgação do Espiritismo em solo espanhol. Esses volumes acabaram confiscados e queimados em praça pública pela Igreja
Católica no famoso Auto-de-fé de Barcelona.

“A história de Luís IX ditada por ele mesmo”, foi liberada pela Censura e finalmente publicada pela revista La Verité de Paris em 1864. No início de 1997, a editora brasileira Edições LFU traduziu “A história de Joana D’Arc” para o português.

NOTAS: (1) Rei francês, filho de Luís VIII e Branca de Castela, nascido em 1215, coroado em 1226 e morto em 1270. Luís IX teve um reinado bastante conturbado. Até 1236 enfrentou a Revolta dos Vassalos e a Guerra dos Albigenses. Venceu duas batalhas contra os ingleses em 1242. Em 1249, organizou uma Cruzada, foi vencido e aprisionado. Resgatado, ficou na Palestina até 1252, quando voltou à França. Empreendeu mais uma Cruzada e morreu de peste ao desembarcar em Tunis. Foi canonizado pela Igreja em 1297.

(2) Página 30 do Volume 1858, EDICEL.
(3) Páginas 73, 148 e 175, ibidem.
(4) Páginas 137, 167 e 317, ibidem.

BIBLIOGRAFIA: O LIVRO DOS ESPÍRITOS E SUA TRADIÇÃO HISTÓRICA E LENDÁRIA, Silvino Canuto Abreu, Edições LFU, São Paulo, 1992.
– OBRAS PÓSTUMAS, Allan Kardec, FEB, Rio de Janeiro, 1993.
– COLEÇÃO DA REVISTA ESPÍRITA, Allan Kardec, EDICEL, São Paulo.

O CASAMENTO

 

O Casamento ou a união de dois seres, como é óbvio, implica o regime de vivência pelo qual duas criaturas se confiam uma à outra, no campo da assistência mútua.

Essa união reflete as leis divinas que seja dado um esforço para uma esposa, um companheiro para uma companheira, um coração para outro coração ou vice-versa, na criação e desenvolvimento de valores para a vida.

Imperioso, porém, que a ligação se baseie na responsabilidade recíproca, de vez que na comunhão sexual um ser humano se entrega a outro ser humano e, por isso não deve haver qualquer desconsideração entre si.

Quando as obrigações mútuas não são respeitadas no ajuste, a comunhão sexual injuriada ou perfidamente interrompida costuma gerar dolorosas repercussões na consciência,estabelecendo problemas cármicos de solução, por vezes, muito difícil, porquanto ninguém fere alguém sem ferir a si mesmo.

Indiscutivelmente, nos planos superiores, o liame entre dois seres é espontâneo, composto em vínculos de afinidade inelutável. Na Terra do futuro, as ligações afetivas obedecerão a idêntico princípio e, por antecipação, milhares de criaturas já desfrutam no próprio estágio da encarnação dessas uniões ideais, em que se jungem psiquicamente uma à outra, sem necessidade da permuta sexual, mais profundamente considerada, a fim de se apoiarem mutuamente, na formação de obras preciosas, na esfera do espírito.

Acontece, no entanto, que milhões de almas, detidas na evolução primária, jazem no planeta, arraigadas a débitos escabrosos, perante a lei de causa e efeito e, inclinadas que ainda são ao desequilíbrio e ao abuso, exigem severos estatutos dos homens para regulação das trocas sexuais que lhes dizem respeito, de modo a que não se façam salteadores impunes na construção do mundo moral.

Os débitos contraídos por legiões de companheiros da humanidade, portadores de entendimento verde para os temas do amor, determinam a existência de milhões de uniões supostamente infelizes, nas quais a reparação de faltas passadas confere a numerosos ajustes sexuais, sejam eles ou não acobertados pelo beneplácito das leis humanas, o aspecto de ligações francamente expiatórias, com base no sofrimento purificador. De qualquer modo, é forçoso reconhecer que não existem no mundo conjugações afetivas, sejam elas quais forem, sem raízes nos princípios cármicos, nos quais as nossas responsabilidades são esposadas em comum.

Emannuel

Livro: Vida e Sexo

Psicografia de: Francisco C. Xavier

Editora: FEB – Federação Espírita Brasileira